sábado, 20 de dezembro de 2008

CIÊNCIA – 4) ÓRGÃOS SENSORIAIS E ANALOGIAS ENTRE CÂMARA FOTOGRÁFICA E O OLHO

Diz Nagarjuna, um sábio budista do II século d.C.: "A visão, a audição, o olfato, o paladar, o tato e a reflexão (raciocínio) são as seis raízes do conhecimento. As formas, as cores, os sons, os odores, o tempero, a matéria, a impenetrabilidade etc., são as esferas de atividade das raízes do conhecimento. Mas aí nem o perceptor nem o percebido aí tem valor algum".
Conviria lembrar, leitor amigo, que a ciência fisiológica e a física, cada qual em seu campo e a seu modo respectivamente, sempre explicaram tanto a visão pretensamente fisiológica quanto a coisa vista à sua maneira, transformando porém a visão ou o olho em órgão ou em mero objeto externo, e depois num objeto de análise.
Só que o olho em si não se vê a si mesmo, como antes já salientei, nem pode auto-enfocar-se. Se acontecesse o contrário, já havendo auto-enfoque, tal análise racional seria estúpida, mesmo que pretensamente científica. E transformar o olho em objeto científico de análise ou de especulação, pretendendo assim decifrar o VER-SENTIR em Si, é o mesmo que pegar o estrume da vaca e analisá-lo profundamente para que nos obsequie uma idéia aproximada do inteiro aparelho digestivo da própria vaca. Ora, ora, não me façam rir que logo, logo vou chorar!
O mesmo se diga do aparelho auditivo interno e da fonte sonora exterma, das papilas linguais e dos sabores, das papilas olfativo-nasais e dos pretensos nervos, transportadores dos estímulos, dos nervos aferentes ou sensitivos, das pretensas zonas cerebrais da sensibilidade etc., e das supostas substâncias químicas intermediárias, dos peptídeos etc., a desencadear gostos e cheiros.
Em verdade, as aparências e mentirosas forjações, e que saltam fora dessa dupla análise científica objetivada à força, são simplesmente impressionantes! Ou seja, um VER subjetivo e misterioso que a especulação, a limitação científica transformam em objetividade, ou em aparentes olhos objetivados de terceiros, colocados um frente do assim dito investigador. Aí então teríamos um sujeito pensante-pensado ou um falso vedor e teríamos um objeto (ou até mesmo um sujeito-objeto) pensado, ou simplesmente uma coisa vista e pensada. Graças a todas essas dicotomizações ou separações forçadas, teríamos também um ouvinte-orelhas pensante-pensadas e uma fonte sonora só pensada, um cheirador-nariz pensante-pensado e uma fonte olfativa sempre e só pensada, etc.)
A física declara que os objetos materiais encerrariam também propriedades organolépticas. A fisiologia conta-nos como são captadas essas pretensas propriedades pelos sentidos objetivados à força.
Entrementes, o que a física, o que a química ou fisiologia dizem não importa. O que interessa mesmo são certos físicos, químicos, fisiologistas, médicos, geralmente escravos do ego-pensamento, e que, não se auto-conhecendo nem conhecendo seus pretensos meios do conhecimento (ou seja, os órgãos sensoriais), começam a dar opiniões a partir de reconhecimentos ligados a forjações mentais prévias – e que resultam em conhecimento indireto, em cinco sentidos e pensamentos; ou senão em conhecimento indiretíssimo do qual somente olhos e mal pensar participam.
Esses pesquisadores, infelizmente, sempre fizeram o jogo dualista da Lógica-Razão ou dos raciocínios. E isso, minha gente, é sempre mal pensar a distorcer tudo. Lamentavelmente, do pensamento ladino não se pode esperar nada de bom, nada de autêntico e verdadeiro, a não ser superposições, multiplicidades fúteis, com a finalidade de enganar o Homem (ou o Saber-Sentir-Intuir em tal Homem) e acabar reforçando o próprio ego-pensamento. Mas vejamos agora outro aspecto dos olhos.
Vou reproduzir agora um simples tópico do livro INÉDITO (até quando): - A Farsa dos Meios do Conhecimento. Leitor e amigo, de forma bem resumida, queres saber como a ciência ou o fisiologismo científico da segunda metade do século XIX, inventou ou forjou as descrições e os mecanismos pretensamente científicos do glóbulo ocular?
Bem, quando a ciência moderna efetuou tal magia ou proeza, as primitivas máquinas fotográficas já haviam sido inventadas pelo homem, com suas lentes de acomodação, suas câmaras escuras, com sua inversão da imagem, com suas placas sensíveis de nitrato de prata e registradoras da imagem, e futuramente com seus filmes.
E o curioso disso tudo, é que depois o interior e as pretensas minúcias anatômicas do globo ocular acabaram se igualando praticamente à antiga máquina fotográfica. Alguns dizem que a máquina fotográfica foi inventada pelo homem porque este se baseou no fisiologismo ocular, o que não é verdade. A máquina fotográfica com todos os seus primitivos detalhes veio antes que a anatomia, que a microscopia e a fisiologia científicas acreditassem ter descoberto os mecanismos da captação visual do olho pretensamente anatômico e fisiológico. Em verdade engendraram tudo.
Antes da intromissão científica, a tradição milenar mais ou menos conhecia (ou reconhecia) o globo ocular e o cordão nervoso que a esse globo ficava ligado na parte de trás. Conhecia as pretensas córneas, íris, conjuntiva, corpo cristalino, corpo vítreo, humor cristalino, humor aquoso etc. Só não conhecia como esse pretenso globo ocular funcionava.
A ciência materialista, transformando o olho ou o globo ocular da tradição num objeto de estudo e aplicando os princípios da física e da química a esse mesmo órgão sensorial, logo a seguir, ou seja, na segunda metade do século XIX descobriu, coincidentemente, que o olho funcionava quase da mesma maneira como uma câmara fotográfica antiga fazia.
Os pretensos estímulos luminosos emanados por uma não menos pretensa forma externa penetravam pela pupila, pelo cristalino, pelo corpo vítreo e aqui a imagem do objeto externo ficava de perna para o ar ou a imagem ficava invertida como acontece numa câmara fotográfica, por causa das lentes.
Ao invés de incidir numa placa sensível ou num filme, com nitrato de prata e tudo o mais, a imagem invertida ocular incidia numa pequena zona especial do fundo do olho chamada retina, fóvea centralis, as quais e por ironia, ou coincidentemente equivaliam à placa sensível ou ao filme da máquina fotográfica.
Em tal retina a ciência descobriu mais tarde a presença de pretensas células especiais, chamadas cornetes etc. que ligadas a filamentos, se reuniam e formavam um grosso cordão que saia da parte de trás do globo ocular, constituindo o nervo ótico. E este entrando na massa encefálica se encaminhava para a zona trazeira ou occipital do cérebro, onde o estímulo se transformava em consciência ou em percepção visual. E pode? O cristalino de tal globo ao encolher ou ao dilatar funcionava como a lente da máquina fotográfica, aumentando ou diminuindo a imagem captada etc.etc.
Bem, amigo, que a tradição milenar tenha transformado a humana possibilidade de ver numa presença objetiva tipo globo ocular, tudo bem. Mas que a ciência moderna no século XIX tenha transformado tal globo numa legítima máquina fotográfica, e atualmente numa máquina filmadora, isso sim é que de se desconfiar.
Ou desconfiar da vaca sagrada chamada ciência seria uma impertinência?
De qualquer modo, amigo, eu pergunto: quem foi que disse que uma Autonatureza ou até mesmo uma natureza adaptada, mas não tão deturpada, precisava forjar olhos tipo máquina fotográfica?
Por que será que tal Autonatureza precisava se acomodar às invencionices da física ótica e da química do século XIX, se estas duas foram inventadas pelo homem e dependem do homem? A Autonatureza autogerou-se e inclusive gerou o Homem Primordial. Homem Primordial e Autonatureza são a mesma coisa. A autonatureza não é a natureza pensada e refeita pelo homem posteriormente e que a ciência acredita estar descrevendo a contento.
Só o homem mal pensante é que em sua natureza pensada e reconstruída introduziu estorietas e falsas leis ligadas a uma física, a uma química e ao diabo que os carregue.
Será que o cristalino atrás da pupila existe mesmo? Será que este encolhe e dilata como manda o fisiologismo científico?
Será que há de fato uma retina sensível aos estímulos luminosos?
Mas será que o olho humano tem que funcionar exatamente como a física ótica e a química inventadas pelos seres humanos prevêem?
A meu entender, a humana possibilidade de ver é o que é, com ou sem globos oculares. Tudo o que a ciência jura ter descoberto em relação a tal globo ocular, pode não ser verdade absolutamente natural, e sim serem meros acréscimos, simples engendramentos pensados e acomodações humanas. Sim, pois tudo se acomodou aos preconceitos da física ótica e da química do do século XVIII e XIX. Os cientistas fizeram funcionar a Lei da Geração Condicionada e a Lei da Interdependência, e estas obedeceram e o abracadabra aconteceu.
De qualquer modo, o VER EM SI (não confundir esse VER Primevo com o ego-enxergar fisiológico) escapou das garras decifratórias dos anatomistas, dos fisiologistas, dos oftalmologistas, microbiologistas, etc.etc.
E a humana possibilidade de ver ou simplesmente o VER Primevo em Si continua sendo o que é, ou seja, totalmente Desconhecido, menos mal. Fundamenta tudo, até a falsa possibilidade de enxergar e o pretenso objeto visto e reconhecível.
De sua parte, o cérebro não se compreende a si mesmo; mas a Mente que forjou a aparência chamada cérebro sim tem a possibilidades de autoconhecer-se, desde que a ignorância-ego-pensamento se suma ou se transmute no Querido EU Primevo, no Não-Feito, no Não-Forjado, no Não-Dependente, Naquele que não vem-a-ser, no Absolutamente Puro e Livre, no Deus Vivo.
Só na condição de objeto é que se poderão reconhecer no pretenso cérebro objetivado nossas próprias invencionices pensadas, e não fisiologismos reais ou funcionamentos intrínsecos ao cérebro.
O cérebro (sempre pensado) e pretensamente objetivado, diante dos meios fisiológicos do conhecimento da pessoa pensante e observadora é uma presença muda. É tão somente a outra parte pensada da própria pessoa-ego pensante, a qual sutilmente extrojetou previamente tal coisa, e depois fazendo intencionalmente alguma coisa a concretizou e a reconheceu.
Tudo o que for reconhecido e dito a respeito da objetividade ou da massa melequenta chamada cérebro é tão somente pensamento (falsa subjetividade) dessa mesma pessoa, pretensamente analítica e perscrutadora.
O algo-cérebro objetivado não fala por si mesmo nem nada revela por si mesmo. Ele depende da contraparte pensante, lucubradora, falante, forjadora de superposições, de pareceres, pretensamente subjetiva, a qual vai impor suas opiniões, custe o que custar, mormente se for cientista ou cientificista.
Antes se denunciou que os meios fisiológicos do conhecimento, frente a frente, não consegue se conhecer um ao outro adequadamente ou com felicidade.
A pessoa supostamente sadia que está atrás de tais meios fisiológicos do conhecimento apenas ficará opinando e inventando estórias.
E a pessoa pensante supostamente doente apenas ficará pensando bobagens, freneticamente, se lamuriando, sentindo-se mal, sentindo dor, e enfiando-se em becos sem saída que o pensamento nela mesmo inventa. Depois disso, então, dá-se o curto circuito mental ou implanta-se a psicose, a loucura.
Meios fisiológicos frente a frente equivaleriam exatamente ao pretenso relacionamento que ocorre entre uma pessoa neurótica ou psicótica e um ego-pessoa sadio, metido a psicólogo, psiquiatra, psicanalista etc.
Entrementes nem um nem o outro se conhecem a si mesmos, e muito menos o profissional que quer ajudar o outro se conhece adequadamente a si mesmo para Saber-Sentir-Intuir com exatidão (e não meramente intelectualizar) o que se passa na mente de seu paciente perturbado em termos de neurose ou psicose ou algo mais não acadêmico.
Bem, amigo, mas frente a uma lógica dualista e superficial, todo o criticismo acima exposto soará como um absurdo, só porque certos lógico-racionais ou meros pensadores não se apercebem que suas cabeças excessivamente lucubradoras são o absurdo que recusam entender , absurdo que rotula a denúncia que se acabou de formular.
Nesta altura de nossa exposição, já é mais do que evidente que sujeito e objeto, que conhecedor e coisa conhecida, que conhecimento e meios fisiológicos do conhecimento etc. são simples aparências superpostas, são artimanhas ou mentiras ladinas, ou também são frutos da memória-raciocínio-imaginação e do discurso interior. E essas denúncias não terminam aqui. Adiante, amigo, teremos mais.
No indescritível Surgir da Vida, onde está a pessoa-ego, onde está o objeto?
Em vez de objeto e meios do conhecimento, por que não presumir um Perceber Global, um Ver-Sentir?…
Por exemplo, um Ouvir, Cheirar, "Gustar", Tocar, Amar, Atuar, despersonificados – sem ego, sim, mas não sem Vida, sem Caráter – livres de órgãos sensoriais pensados, ou até mesmo possuindo órgãos, sem que a eles esteja ligada a idéia de posse.
Amigos, isso sim que é Vida e não o falso fisiologismo orgânico-cerebral! Isso que sugerimos lembraria o Verbo do Sábio Antigo ou o Logos. Em suma, haveria um Atuar-Saber-Intuir-Amar-Sentir-Isto = SER, perfeitamente Não Dual em Manifestação e Renovação. O resto é acrescimo desvirtuado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário