terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Saúde e Medicina – 2) Sem Cérebro é Impossível Pensar, com o Cérebro também!

Em meu livro Antipsiquiatria e Sexo, editado em 1983 pela Editora Record, do Rio, e hoje esgotado, num trecho ligado ao funcionamento do cérebro ou fisiologismo cerebral, escrevi o que vem abaixo e que acho oportuno reproduzir e acrescentar a este meu tópico sobre medicina e psiquiatria. :

"Amigos, tudo o que o pensamento elabora a partir do segundo momento em diante ou no tempo (depois, fora do Aqui e Agora), isso é só pensamento-imagem e pensamento-discurso.
Uma função do pensamento é engendrar fantasmagorias e a outra intromissão do mesmo pensamento é reconhecê-las e discorre a respeito.
E é exatamente aí que (no tempo) a impressão-convicção de cérebro pensante aparece ou se levanta.

Sem essa dupla atividade pensante-pensada, nenhuma objetividade cerebral e pretensamente material poderia ser reconhecida e explicada depois.
Mas alguém ainda poderia alegar que o cérebro é uma realidade inqüestionável, e que ele, feito objeto, evoluiu e se aperfeiçoou por puro acaso, como ensina a ciência, até resultar num complicado recipiente (ou cadinho) de reações químicas e bioquímicas.

O pretenso DNA (ácido desoxiribonucleico constituinte do gene), ao influenciar na formação do cérebro, traduz-se como sendo um simples acaso enganador. E este não pode engendrar e resultar em moléculas químicas ou peptídeos, DNA, substância orgânico material e cérebro. Mas poderiam estas últimas brutais mentiras resultar em algo concreto?
Certas reações químicas e bioquímicas cerebrais, segundo a Ciência, traduziriam o impulso vital (ou a própria Vida, o Caráter do Indivíduo, o Ser (Argh!, pois sim!), e que ao nosso intelecto-entendimento se traduziriam como pensamentos, emoções e percepções cerebrais. Mas esta pretensão de que a química cerebral pode resultar em pensamentos e percepções, a fim de que essa mesma química cerebral, depois possa tornar-se cônscia da própria química cerebral, minha ou do próximo, isso só podia caber nos delírios e desvarios racionais de cientistas loucos. Tal química conhecendo química é só desonestidade e hipocrisia do ego-pensamento em cada um de nós. São só opiniões e nada mais. Entrementes, vejam só como opiniões científica, transformadas em "provas" aparentes, têm feito mais mal do que bem.

A pretensa evolução temporal das espécies, o amadurecimento do cérebro dos animais e homens e seu aperfeiçoamento no tempo, por sua vez, também são pensamento ou discursos estapafúrdios. A pretensa bioquímica cerebral (proteínas, hormônios aqui, enzimas ali, coenzimas, peptídeos e o escambau – diabo que os carregue), transformando-se em pensamento, em sentimentos e em percepção, para por fim tornar-se cônscia de um cérebro químico, primeiro atuando no próximo, graças ao método de experimentação da ciência, e depois, em mim por extensão inferencial, isso também é pensamento engendrando mentiras safadas, faz-de-conta, e ainda por cima reconhecendo e explicando tudo. E diga-se de passagem, são pensamentos extremamente sujos e mentirosos, os que, em ciência, desencadeiam toda uma engrenagem de atos nefastos e calamitosos, sempre desculpada pelas falsas verdades psiquiátricas e neurológicas da ciências e da medicina. A pessoa-ego ou até mesmo o Indivíduo

Verdadeiro (SER) não é fruto de um quimismo cerebral de merda. Essa massa melequenta chamada cérebro com seu pretenso quimismo fazem parte do quinto, sexto, sétimo momento existencial em diante, momentos de puras enjambrações. O ego-pensamento forjador de todas essas mentiras pretensamente materiais faz parte do segundo momento, e o Indivíduo Verdadeiro ou a Mente Pura, a Consciência-SER, o Homem Verdadeiro surge Aqui e Agora, totalmente livre do tempo.

Fora do Instante Primordial ou a partir do segundo momento em diante (tempo ou antes-durante-depois) o pensamento sempre consegue se intrometer porque ele é o próprio tempo. Aí dá-se o começo da enjambração e a posterior pretensa corroboração, a qual, depois, um cientista desavisado, chamará de "Descoberta!"… Todavia, se eu tiver em minha mão um cérebro morto de alguém, ele não provará coisíssima alguma. Sou eu quem, pensando e falando por ele, acreditarei provar alguma coisa a respeito. (Pois sou eu que te vejo, e vendo-te, me vejo, ó cérebro de merda, e vendo-me, te faço!…Sim, só há um vedor ou o grande EU ou o ego de merda. O ego farsante coloca EU SOU em segundo plano. O pretenso visto ou objeto é ainda o próprio ego. Sim pois vendo a ti, me vejo a mim. E vendo-me como se eu fosses tu, atuando intencionalmente te faço, te concretizo, te materializo e depois te manipulo). Mas para tal terei que vestir esse Isto-Desconhecido e momentâneo (ou pretenso cérebro de alguém) com meus próprios véus pensantes-pensados, engendrando assim algo (o cérebro dele) imaginariamente, e depois terei que executar o ato intencional que consubstanciará minha pretensa "descoberta", reconhecendo-a enfim por meio de um conhecimento velhaco e indireto ou senão indiretíssimo como o da Ciência.

A sutilidade pensante (ou ego-pensamento), as intenções, decisões, meu agir propositado ou contaminado sempre se colocam na frente de qualquer "descoberta", "prova", tudo isso resultando num dado externo aparente tipo "A" ou tipo "B".
Os engendramentos lógico-racionais aí são sempre bipolares, tipo certo ou errado. A ‘materialização’ e ‘comprovação’ de minha atividade ego-pensante sempre vem depois, ou sempre aparece a partir do terceiro, quarto, quinto momento em diante. Tal ‘prova’, contudo, é fruto do pensamento ou é o próprio pensamento estruturante concretizando-se graças à execução do ato proposital.

"Admitamos agora que eu pudesse pegar alguém e o submetesse a uma anestesia prévia, depois abrisse seu crânio e expusesse uma meleca ou uma coisa que depois chamo cérebro – com isso transformaria o pretenso cérebro de meu próximo em objeto de análise. Essa é uma conduta típica ou uma intromissão nefasta da Ciência, em sua eterna pretensão de bem conhecer. – Cuidado, porém, que as interferências cirúrgicas dos neurocirurgiões, desde que não se igualem às de um Dr. Frankenstein e sim tenha um propósito terapêutico veraz são outro assunto, malgrado também tenham seus aspectos delicados e negativos… O ‘querer-conhecer’ do pesquisador mórbido nada tem a ver com o ‘saber-curar’ ou remediar de muitos médicos bons…
"Mas Digamos, ainda, que eu submetesse um paciente qualquer a uma análise de suas pretensas ondas elétricas cerebrais, graças a um eletroencefalograma. Ou também efetuasse nele uma cintilografia, uma tomografia, uma ecografia etc. Ou ainda, se eu pegasse um pobre animal e o submetesse ‘humanística e bondosamente’ (sic) a uma vivissecção craniana, para maior glória de minha vaidade e falsa sabedoria, atitude essa que rotulam de progresso científico…Pois bem, se eu fizer tudo isso, em nenhum momento o suposto cérebro alheio, aí objetivado, irá informar algo por si mesmo. Eu, ego bandido, é que, pensando e agindo intencionalmente, acreditarei arrancar disso que está em minha frente ‘revelações enganadoras’, e que só aparecem ou se objetivam porque eu provoco seu aparecimento.
Amigos e homens desavisados, apercebei-vos ou dai-vos conta de que nenhum ECG informa nada de por si, nenhum cintilógrafo, Rx, nenhuma tomografia, nenhum aparelho de ecografia, nenhuma cirurgia craniana etc., informa de por si, e nem pode. Para isso tem que haver sempre o intérprete pensante, o prévio pesquisador científico, culturalmente condicionado, e que, graças aos seus raciocínios e conduta inconseqüente (em momentos criminosa), acreditará estar traduzindo tais supostas ‘descoberta’ em palavras corretas, termos impecáveis, códigos e normas científicas etc.

"Meu cérebro, mesmo que encarado como objeto material, nunca me disse nada, nunca me incutiu ou me sugeriu nada, nunca me sussurrou que dele provinha o pensamento.
Algum cientificista gaiato, ouvindo isso poderá alegar: ‘Um momento, doutor, mas meu cérebro agora está me declarando que é ele quem pensa!’… E aí então eu teria que retrucar: "Ó fulano capeta, quem foi que te disse que isso que acabas de ouvir desde o teu íntimo é a própria química cerebral em ti que está fazendo confissões? Por que não poderia ser o teu ladino, safado e criminoso ego-pensamento, não cerebral enganando-te e mentindo sempre?…

Pois é, antigamente e de modo bem contrário, uma lógica-razão aristotélica, por exemplo, alegava, com ou sem razão, que o pensamento provinha do CORAÇÃO.
Depois porque tornou-se conveniente ao discurso interior, o pensamento mudou de lugar e de "órgão". Foi sempre o pensamento ou o raciocínio, cuja origem é a SOMBRA do Desconhecido quem me incutiu ou me sugeriu (inferência) que ele próprio (pensamento) tinha como causa e origem uma coisa que estava na extremidade superior do corpo. Depois tal sombra, que poucos sabem ser estruturante e discursiva, intrometendo-se ainda mais onde não deve, batizou a extremidade corporal com o nome cabeça, crânio etc. Num passo seguinte, o pensamento, roubando Vitalidade da Ação Pura e do Sentir e Entender Perfeitos em Mim, levou-me a olhar com cobiça (desejo de conhecer) essa tal extremidade. Por causa da influência disso, "eu" quis descobrir o que havia na cabeça do próximo ou na minha própria. Mais tarde, sempre graças à intromissão do pensamento discursivo, vi-me obrigado a atuar de modo que minha ação intencional e maculada, acabasse abrindo o crânio de meu vizinho, cujo interior, para mim, até então era Desconhecido… O interior da cabeça e que era e é o próprio Desconhecido, sob minha ação interferente e pensante, aparentemente tornou-se reconhecível sob o aspecto de uma pasta esbranquiçada, que batizei com a palavra cérebro ou sistema nervoso central, ou até mesmo com a frase central nervosa.

"Nesse momento, o ego-intelecto-mente em mim, ao invés de sugerir-me honestamente: ‘Olha, isso que vês é exatamente o que engendraste há pouco, e é também o que estás pensando agora, discorrendo por dentro. Isso é apenas o fruto da sombra do Desconhecido. São tuas próprias interferências ou artimanhas. São superposições que elaboras e sustentas de modo contínuo, no espaço e no tempo, e que ‘tu’ mesmo (ego) és, para finalmente acreditares na tua própria comédia e a ela te submeteres feito um pretenso conhecedor!’
Pois é, mas se o intelecto-razão fosse tão bom assim, ele sempre deveria alertar o especialista. Mas ao contrário, o pensamento ou o juízo em mim, levando-me a crer que estou enriquecendo meu conhecimento, far-me-á concluir (visando seu próprio reforço) que esse é o órgão responsável pela origem da existência humana significativa, pela origem da inteligência e compreensão, da sensação e ação motora.

"O mais engraçado de tudo é que, nessa conclusão ladina, o pretenso órgão objetivado do pensamento ou o suposto cérebro de meu vizinho mesmo assim nunca provou nada por si mesmo, sempre permaneceu calado e inerte. Se ao menos aquela ‘coisa exteriorizada’ (cérebro) por meio de um sentir dele mesmo revelasse alguma coisa, algum indício sensorial-intuitivo, algum som, movimento, odor, alguma visão especial, ainda daria para suspeitar de que, quem sabe, tal ‘coisa’ realmente fosse o órgão da inteligência. Só que esta inteligência humana é SENTIR-SABER-INTUIR e este último em atividade é um Conhecimento Direto. E este Conhecimento nada revela a respeito do pretenso objeto cerebral, tampouco denuncia o que é falso, pois não discursa, não raciocina ou não rumina mentalmente, enquanto que o pensar é sempre conhecimento indireto (e indiretíssimo), ou é simplesmente reconhecimento, e por que não muito, amiúde, falsidade pura.
"Foi a partir de um pretenso ente esperto, astuto, ladino, e por que não desonesto, que as conclusões pensantes-pensadas a respeito do cérebro se levantaram.

Todavia, o grande EU em mim, com Essência e tudo o mais (ou Consciência-Ser), continua desconhecido, enquanto que algo em mim, feito um ego-pensamento, tudo pretende provar, explicar, impor. Mas o que ‘eu’ explico, provo, descubro, imponho etc., é sempre pensamento meu, a sombra do Desconhecido.
E desse modo foi montada a farsa dialética do raciocínio, da lógica e da razão (e até mesmo do pensamento mágico) aplicado à Psiquiatria, Psicanálise, à Neurologia, e inclusive aplicados à Ciência em geral, aliás, a esta mais do que ao resto.
"Evidentemente certos cienticistas, certos neurologistas, psiquiatras, psicólogos, médicos, biólogos em geral, normalmente presos a seus preconceitos e condicionamentos mentais, ao lerem estas minhas denúncias e alertas, poderão se irritar bastante e, ao invés de compreenderem em silêncio, se não me caluniarem disto ou daquilo, um deles poderá levantar inclusive a seguinte suposição, com uma vontade louca de pô-la em prática. ‘Mas, e se eu te anestesiar, se abrir teu crânio e efetuar em ti uma extirpação de lobos cerebrais ou se fizer uma lobotomia, tu certamente pararás imediatamente de pensar, e com isso não ficaria provado que o pensamento do teu próprio cérebro provém?’…
"Diante de tamanha desonestidade dialética, diante de tanta empáfia, de tanta maldade e prepotência científico-experimental, própria de alguém que é escravo total de sua erudição e de seu ego-pensamento, só me restaria protestar com veemência, e defender-me ao assim exclamar:

‘Um momento! Chega de aplicar o monstruoso e, em momentos injustificável método científico de experimentação nas espécies vivas, no próximo, e que julgas uma simples coisa ou um dado meramente material, uma reação química!… Chega de maltratar e agredir os demais, só para alcançares ‘provas’ que convêm sempre aos teus interesses e raciocínios mesquinhos!… Por que haverias de continuar destruindo e matando o que te parece objetivo, só para que os teus pontos de vista fiquem prevalecendo sempre?… Até quando insistirás em transformar o mundo inteiro à condição de cobaia, só para te certificares de que teus pensamentos se fundamentam e que estás com a razão?… Nesse caso, a tua razão é a pior das criminosas, mormente se ela resulta em dor e em destruição alheia!…

Entrementes, se de fato queres conhecer se o pensamento em ti provém ou não do cérebro, descobre isso em ti mesmo, pelo que fizeres, sentires e concluíres, se for o caso!…Já que és incapaz de te autoconheceres pela introspecção e meditação, aplica em ti mesmo o método científico de experimentação, no qual tanto confias, e vivencia-o na própria carne, de modo bem sentido e intensamente, se puderes!… E já que te parece tão válida a idéia da origem cerebral do pensamento, então, sem qualquer anestesia, pega um bisturi, uma serra elétrica e outros apetrechos mais, e corta a calota óssea da tua cabeça. Expõe teu cérebro e depois corta um lobo cerebral para ver se teu pensamento cessa!… Mas que monstruosidade estou te sugerindo, não é? Mas o que pretendes fazer nos outros ou em mim também não é uma monstruosidade? Tudo o que quiseres fazer no próximo sente-o primeiro em ti mesmo, já que gostas tanto de pensar a respeito do que fazes no próximo, para daí arrancar conclusões pensadas… Sente em ti mesmo o horror que queres praticar para transformar isso em raciocínio, falsa cultura e pensamento estúpido E toma isso como norma…

Quem foi que te disse que uma conclusão pensada e arrancada do próximo é mais válida que uma conclusão bem sentida (e sofrida) e arrancada de ti mesmo?’
Dirás: ‘Mas é claro que fazendo o que me sugeres, pararei de pensar e ficarei aleijado para o resto da vida, isso se não morrer antes!…’
‘Muito bem –, retruco eu! Isto que dizes pode ser apenas um pensamento teu, não emitido pelo cérebro. Pode ser uma mentira, elaborada pelo ego-ladrão e salteador da raça humana!…
Vive em ti mesmo essa monstruosa experiência, isto se, é claro, puderes superar os impedimentos do SENTIR transformados em DOR lancinante, e que a Vida vai soerguer contra os teus raciocínios, contra as tuas intenções e decisões tresloucadas!’…
SENTIR transformado em prazer, alegria e dor, eis a Verdade.
Forjações pensadas e objetivadas transformadas em colocações, juízos e falsas provas, eis a mentira.

‘Evidentemente – acrescento eu –, jamais conseguirás levar a cabo tal experimento em ti mesmo, porque a Vida autêntica ou o doloroso Sentir te impedirá no meio do caminho de prosseguir em tua louca decisão e ação pensada… Pois é, meu caro cientificista, não crês que a Vida em seu suposto aspecto objetivo não sofre tanto quanto tu, ou mais? E que (falsa) resposta a Vida não te dará se a atormentares dessa maneira, no próximo ou em ti mesmo? Pára de pretender descobrir absurdos que não existem ou que só aparecem porque os forjastes primeiro!

"De qualquer modo, se efetivamente não pensasses, jamais levarias a cabo tal gesto. Mas se não pensasses egoisticamente também não ficarias querendo vasculhar a cabeça do próximo ou o cérebro de muitos animais, ou das pobres cobaias vivissecadas, a fim de descobrires as tuas próprias extrojeções ou a materialização dos teus argumentos e que só favorecem teus raciocínios, os quais em última instância, são mesquinhez e intenções pervertidas…
És sempre tu quem arranca ‘descobertas e provas’ pensadas de qualquer investigação objetiva que fizeres. E tais ‘frutos, provas e conclusões’ alcançadas, em última instância, não são o segredo que a Natureza te oferece ou te confia, para que teu conhecimento se enriqueça, para que te tornes rei da ciência. Isso são apenas superposições e extrojeções que do teu pensamento provêm e que o cumprimento criminoso do ato intencional consubstancia ou materializa.
"Para te compreenderes melhor, só há uma possibilidade: de modo espontâneo e tranqüilo pára de pensar tanto, obviamente sem que haja qualquer intenção egotista atrás disso. Começa a observar-te sem críticas a formar. Começa a meditar a respeito do teu orgulho e conhecimento precário, sem pretender encontrar nada de modo premeditado. Isso equivale a se silenciar, e O QUE É ou a VERDADE, e esta então, quem sabe, se revelará por si mesma.

"E mais, se ainda insistires em querer conhecer o que é o pensamento, ou se é o cérebro quem pensa, auto-agride-te. Arrebenta tua cabeça, expõe teu próprio cérebro, corta parte dele, isso se puderes superar e agüentar a dor bem sentida... Vivencia essa monstruosidade em ti mesmo e constata por tua própria experiência se depois disso há uma parada no teu pensar ou não…, isso supondo que tal loucura pudesses efetuar.
"Por conseguinte, diante desse novo enfoque, pergunta-se qual o valor real, eficaz e espontâneo das desonestas experiências biológico-laboratoriais de um Claude Bernard, de um Pavlov & Cia, ou de toda uma equipe norte-americana, japonesa etc. constituída de falsos gênios, a arrebentar aqui e estourar lá, e que só fica revelando via TV mentiras e mais mentiras a respeito do cérebro, e sua possibilidade de sentir e pensar.

"Em verdade, meu cérebro, por ser essencialmente Desconhecido, nem pensa nem não pensa. Ele nada pode revelar por si mesmo. Se achas que eu penso porque tenho cérebro, essa é apenas uma conclusão boba de tua parte, própria de um julgamento inferencial em ti. E se achas que vou parar de pensar porque me mutilas cerebralmente, esta, além de ser uma conclusão pensada, será também uma crueldade levada a cabo com o propósito de ‘provar’ ou tornar ‘concreta’ uma tese que só vinga porque lucubras ou raciocinas feito um doido. As pobres cobaias que o digam…

E por favor, não me venhas dizer que estou pregando misticismo, filosofia, loucuras, pois Entender tudo desse modo sim que é Ciência da mais pura!… Só quem se compreende a si mesmo conhece bem o resto, e conhece também o que é isso que, em última análise, chamas conhecimento ou ciência do mundo.

"Voltando, portanto, ao início de minha exposição, pergunto, se não houvesse elucubração se intrometendo sempre, em outras palavras, se nas aparências não existisse a maldita sombra (ego-pensamento) que do Desconhecido parece provir, que seria a ‘atividade psíquica’, senão uma frase capciosa?

Livre do julgamento conceitual, inferencial ou sem o raciocínio distorcendo tudo, o que é um ser humano? O que é um cérebro? Uma presença concreta ou uma aparência dependente? Entrementes, sempre que fizermos o jogo das palavras e do intelecto ambos corresponderão a um caos infindável de opiniões; mas de acordo com a Verdade mais pura, atividade psíquica, ser humano, cérebro são Vida, Desconhecido, silêncio sadio, mil possibilidades e revelações, desde que não sofram agressões e deturpações.
"Não equivale ao supra-sumo da petulância ou ignorância erudita afirmar enfática e dogmaticamente: ‘O pensamento é o próprio cérebro em atividade! Não há pensamento fora do cérebro!…' , como sempre fizeram muitos cientistas organicistas? E por que não acrescentar e aclarar também que com o cérebro que a Ciência apresenta, ‘prova’ e descreve é impossível pensar? Essa aparência que redundou em cérebro é em realidade um fim de mundo de pareceres, opiniões enlouquecedoras, bilhões de descrições e falsas provas que não conduzem a nada. Quem duvida disso, que estude a Neurologia e Fisiologia cerebral e se certifique…
E se com essa aparência de cérebro é impossível pensar – porque o cérebro reconhecível é sempre pensado pelo pensamento, ele é sempre ego-pensamento interferindo – de que maneira essa aparência cerebral pode ficar sujeita a doenças exógenas ou endógenas, como alega e diz ‘provar’ a Psiquiatria? Por isso, impossível ou quase impossível será tentar curar o cérebro com substâncias químicas.

E se o ego-pensamento monta tantas patifarias objetivadas, acrescidas ao suposto cérebro que se reconhece, não teria ele capacidade inclusive de desequilibrar a mente de alguns desatentos, perturbação essa que nada teria a ver com o cérebro?
Tudo isso sugere mais uma vez que o ego-pensamento não é vítima das doenças mentais que sempre se supôs, mas sim é o causador das perturbações mentais, das assim chamadas doenças. Sim o ego-pensamento é o causador de todas as psicoses e neuroses, de todas as equizofrenias e até mesmo das epilepsias, mal de Parkinson, Mal de Alzheimer etc,.
Cuidado, porém, que ninguém se meta a encarar o ego-pensamento como um criminoso, face ao qual um pretenso e falso justo qualquer (mas também ego) se levantará para combatê-lo.
O ego-pensamento é um fantasma que como fantasma tem que ser visto e compreendido; só depois disso é que ele se some, desaparece ou sem transmuta, ou pelo menos diminui de importância, voltando a colocar-se atrás da Consciência-Ser (‘vade retrum Satanás!’)..
"O Sentir-Saber-Intuir essencial de alguma maneira denuncia o ego-pensamento… E como vimos, é sempre o ego quem engendra a impressão de cérebro material e não o Sentir-Saber-Intuir, falsa impressão essa que é uma imagem mental sustentada intimamente, e é extrojetada, superpondo-se ao fato em si, altamente dinâmico, mutável e, por isso mesmo, Desconhecido.
E é sempre o ego-pensamento que de alguma maneira suscita desequilíbrios mentais e emocionais, se não isso, autodeprimindo-se murcha (depressão) ou auto-exaltando-se à toa, se hipertrofia (paranóia). E é sempre ele quem suscita a dolorosa impressão de perturbação mental. Por outro lado, de que serve a calamitosa e dogmática certeza de inúmeros pesquisadores científicos, se ela só nos leva à prepotência e à maldade? Se o Sr. Dr. Claude Bernard, em seu tempo, não houvesse raciocinado de maneira tão condicionada e de modo tão cartesiano, que significado teria tido para ele um corpo, livre de qualquer raciocínio? E sem a intromissão deturpadora do pensamento, quem foi que disse que um corpo não pode funcionar sem órgãos? Ou quem disse que o corpo só pode funcionar com a presença de determinados órgãos, sendo tanto o corpo quanto o órgão essencialmente Desconhecidos?
"É tolice declarar intelectualmente, graças à intromissão de bilhões de preconceitos mentais: ‘Não pode haver função mental sem cérebro, nem cérebro sem função pensante…’ Em última análise, cérebro e corpo conhecidos, função e pensamento são falsas dualidades da lógica-razão, ou são as intromissões do próprio pensamento discursivo.

"Muito mais sábio foi Sócrates que declarou: ‘Só sei que nada sei!’… E a mais pura honestidade em nós só pode concluir: ‘Não sei o que é cérebro, não sei o que é corpo, não sei o que é órgão, não sei o que é função, mas desconfio daquilo que em mim (ego) tudo pretende conhecer (mal)…’ De qualquer modo, cérebro, corpo, função, órgão, mundo, matéria, alma etc., se são a Verdade, também são silenciosos e se acomodam muito bem à sua legítima condição de Desconhecido. O pensamento ou raciocínio é o único que pretende conhecer, pretende decifrar todo o resto com palavras, frases, conceitos, discursos mortos e atitudes calamitosas… E no entanto, como o raciocínio se melindra se a Verdade ou se um Entendimento mais apurado o surpreende trapaceando. Sabe que com essa denúncia ele vai perder toda a sua importância e suposta validade!… E aí, então, apelará para a calúnia, para a dialética, para a mistificação, para a ofensa, além de insistir no engano, na mentira, na crueldade, na deturpação e demais armas de seu nefasto arsenal de ineficácias intromissoras.

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