domingo, 14 de dezembro de 2008

INÉDITO - A CIÊNCIA NOS ENGANA - (PRIMEIRO TOMO DE CIÊNCIA, A NOVA RELIGIÃO – LIVRO INÉDITO) - Antídoto ao Cientificismo

Em 1971, anunciei pelas páginas do semanário Pasquim o aparecimento de uma obra que considerei extraordinária, É a Ciência uma Nova Religião?, de Ernesto Bono. Era extraordinária, em primeiro lugar, porque ousava pôr em questão a própria ciência, ou seja, o conhecimento científico em si. Era o que se chama de corte epistemológico, um fim para a arrogância científica.
Na ocasião, escrevi sobre o autor e o livro, que foi publicado pela Editora Civilização Brasileira. Suas idéias tiveram boa penetração em círculos da cultura alternativa de diversos matizes em todo o Brasil, mas não obtiveram resposta no mundo universitário, isto é, na cultura oficial. Foi encarado, talvez, como um livro de contracultura, (não o sendo), o que o limitava a um gênero determinado. Em outras palavras, acabou sendo objeto de um preconceito pernóstico.
Naturalmente, o silêncio sobre o livro levou a que se silenciassem também suas denúncias. Em nosso mundo, o endeusamento da ciência tem conseqüências desastrosas que poderiam ser evitadas se houvesse um pouco mais de bom senso em relação ao assunto. Tudo neste mundo, em verdade, é impreciso, indefinido, provisório, incerto, relativo etc. inclusive a própria ciência, embora não pretenda ser.
Ernesto Bono evidenciava o caráter limitado e mesmo ilusório do conhecimento científico. A universidade não podia tomar conhecimento desse autor revolucionário. Sentia-se ameaçada.
Na época (1970-1971), parecia que estávamos prestes a assistir a um grande despertar espiritual nos países do Ocidente. Havia – ou parecia haver – um interesse crescente por valores de uma natureza superior. Tudo estava sendo posto em questão. Nossa cultura passava por uma revisão radical e a perspectiva de uma nova cultura parecia estar aberta. Não há dúvidas de que foi uma preciosa oportunidade histórica para a libertação das cadeias internas e para o crescimento individual.
Passados todos estes anos, não houve, porém, nenhum grande despertar espiritual nos países do Ocidente. Pelo contrário, mais uma vez prevaleceram e predominaram a obsessão egocêntrica, o fanatismo egolátrico e os valores da vida vulgar. Estamos inclusive num momento em que o progresso tecnológico e a prosperidade material consolidam-se como valores supremos de nossa civilização, sem que nenhuma ameaça alternativa ou libertária coloque em questão suas supremacias. Os interesses espirituais estão em segundo plano.
É neste momento que Ernesto Bono informa ter acabado uma nova versão de seu livro, versão ampliada, corrigida, melhorada e rebatizada com o título mais sintético, CIÊNCIA, A NOVA RELIGIÃO.
Os argumentos são fundamentalmente os mesmos da antiga versão, mas agora formulados com mais clareza e eficiência.
O que marca o trabalho intelectual desse autor é o seu desconcertante bom senso. Os complexos emaranhados verbais que caracterizam o pensamento ocidental, em todos os seus confusos desdobramentos, não fazem sentido para ele que, simplesmente, os despreza. Para Bono, a mediação intelectual é um desvio (da mente), uma distorção. É uma complicação mental que ele denuncia, e não um refinamento, um requinte, uma elaboração superior, como se pretende, ingenuamente, em nossos círculos culturais mais respeitáveis. Apenas isso: uma complicação inútil e doentia, como todas as complicações. Bono não se debate em cogitações vazias. Seus argumentos são diretos, certeiros. Nascem da intuição pura, sem mediações inúteis ou distorcentes.
As chamadas “verdades” científicas são aceitas pela maioria das pessoas, como um dogma religioso. Trata-se de um fenômeno generalizado de crendice ou superstição
Essas pretensas “verdades” supersticiosas são inculcadas nos jovens, graças à inocência e à falta de defesa deles. Para tal processo monstruoso de deformação intelectual e espiritual, é conferido o nome de instrução ou educação. Através deste processo, nossas escolas e universidades geram a estupidez em escala social.
A verdade é que já fomos longe demais. Os males causados pela concepção cientificista do mundo parecem irremediáveis. Mas talvez nem tudo esteja perdido. Um trabalho de regeneração talvez ainda seja possível. E ele só pode começar com a administração de antídotos poderosos como a obra CIÊNCIA, A NOVA RELIGIÃO.
Luiz Carlos Maciel

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